quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Michaux


Henri Michaux

Labirinto, a vida, labirinto, a morte
Labirinto sem fim, diz o Mestre de Ho.

Tudo afunda, nada libera

O suicida renasce para um novo sofrimento.

A prisão termina em uma prisão

O corredor termina em outro corredor:

Aquele que crê desenrolar o rolo de sua vida

Não desenrola nada em absoluto.

Nada desemboca em nenhuma parte

Os séculos vivem também sob a terra, diz o Mestre de Ho.

* * *


Sem que eles falem, lapidado por seus pensamentos


Mais um dia de menor nível. Gestos sem sombras

A qual século é preciso se inclinar para perceber?
Samambaias, samambaias, diríamos suspiros, por toda parte, suspiros
O vento espalha as folhas soltas

Força das macas, há cento e oitenta mil anos já se nascia

para apodrecer, para perecer, para sofrer
Este dia, quando éramos semelhantesquantidade de semelhantes
dia em que o vento se tragadia de pensamentos insustentáveis

Vejo os homens imóveis

deitados nas canoas

Partir.

De qualquer maneira, partir.

A longa lâmina do fluxo d´água deterá a palavra.


Tradução
: Daniela Osvald Ramos

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