"Cortesã de Trebesta". Ana Miranda in Amrik.
Com o mascate Abraão ia eu ser muito feliz, diz tio Naim,
viver numa casa imensa, de avental contar ovos, bater manteiga, ralar abóbora,
picar amêndoa, a natureza nos dedos, regar uma horta no quintal, alface hortelã
tomilho, ter sexo na noite abençoado, açúcar cristal na língua hmmm Nas coisas
mais simples está o sentido da vida Anima, a chave da despensa no bolso arre,
no rosto o frio da água do lago, a grama tomada de capim, passo o dedo na
corola da florzinha vermelhinha que nasceu no gramado do Jardim da Luz, tocar a
flor silvestre parece tocar o meu corpo em sua flor, irra tiro o dedo, toca a
banda dos alfaiates italianos que domingo passeiam na rua vestidos com a farda
dos bersaglieri e fazem tocata no coreto, com o mascate Abraão ia eu ter de
dançar para ele haialá laia depois sentir as mãos dele me despindo, a língua
dele arre o cipreste se sacia em suas fontes, as espadas lavram a concavidade
dos vales, amantes branqueiam colinas com o leite de suas gazelas, ter de
admitir suas brincadeiras e tapinhas, o sabre plantado, bocas unidas, naquela
casa sem um quarto só para mim, suportar as gazelinhas fazendo barulho correndo
pela casa irra, o cheiro de galinha morta das velhas se lambendo os dedos, numa
noite sem Xarazade, na outra Naziad a cortesã de Trebesta na seguinte uma das
moças de Adrar inebriando os golfinhos, cozinhar para quinze pessoas, viver só
para ganhar dinheiro e ganhar dinheiro só para guardar e dar a vida para isso,
o grande retorno para o Líbano, Responde, Amina, aceita casar com o Senhor
Abraão?
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